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23 janeiro 2017
A maior conferência de imprensa do mundo
Desde os primeiros dias do triunfo da Revolução, o povo cubano se viu obrigado a enfrentar amargas batalhas contra as campanhas de mentiras, difamação e calúnias organizadas, em sua grande maioria, a partir do território estadunidense. A primeira delas – e talvez uma das mais violentas dessas campanhas contra Cuba – se desatou nas primeiras semanas de janeiro de 1959 quando o Governo Revolucionário tomou a decisão de organizar os tribunais revolucionários para julgar os criminosos que durante os 7 anos de ditadura haviam torturado e assassinado a milhares de cubanos.
Cuba convoca a Operación Verdad
Duas grandes agências estadunidenses de notícias – Associated Press e United Press –, junto a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e vários congressistas estadunidenses, desataram a mais infame e injusta das campanhas. Precisamente, quem se calaram diante dos crimes da ditadura de Fulgencio Batista, se uniram a quem apoiaram e armaram o exército da tirania, para acusar a Revolução Cuba pelos julgamentos revolucionários que começavam a ser realizados.
Diante desta situação, o Comandante em Chefe convidou a Habana todos os jornalistas que quisessem conhecer a realidade cubana, ao mesmo tempo que convocava o povo cubano para desmentir as calunias na proporção maior jamais vista até esse momento no país. Este fato passou para a história com o nome de Operación Verdad.
Em 21 de janeiro de 1959, mais de um milhão de cubanos se concentrou em frente ao Palácio Presidencial para demonstrar seu apoio a Revolução e seu repúdio a campanha da imprensa contra a aplicação da justiça revolucionária aos criminosos de guerra. Este ato contou com a presença de 380 jornalistas vindos de todo o continente americano para informar ao mundo sobre a realidade de Cuba.
Diante do corpo diplomático e centenas de jornalistas estrangeiros, Fidel Castro denunciou a campanha inimiga contra Cuba, a qual qualificou como “a mais infame, mais criminosa e mais injusta que se lançou contra algum povo” e ressaltou o tratamento justo do Exército Rebelde dedicado aos prisioneiros do exército inimigo devolvidos a Cruz Vermelha Internacional, e como centenas de feridos em combate haviam sido atendidos pelos médicos rebeldes.
O júri de um milhão de cubanos deu seu veredito
Em certo momento de sua intervenção, Fidel expressou: “imaginem, senhores jornalistas de todo o continente, senhores representantes diplomáticos em Cuba, imaginem um imenso júri, imaginem um júri de um milhão de homens e mulheres de todas as classes sociais, de todas as crenças religiosas, de todas as ideias políticas. Eu vou fazer uma pergunta a esse júri; vou fazer uma pergunta ao povo. Os que estejam de acordo com a justiça que se está aplicando, os que estejam de acordo com que os mercenários sejam fuzilados, que levantem a mão [a multidão levanta a mão unanimemente]. Senhores representantes do corpo diplomático, senhores jornalistas de todo o continente, o júri de um milhão de cubanos de todas as ideias e de todas as classes sociais, deu seu veredito”.[1]
Aprovado Raúl como segundo chefe do M-26-7
Em que pese conhecer a crescente preocupação do povo por sua segurança ante a possibilidade de que fosse vítima de uma agressão, Fidel reafirmou sua vontade de seguir desafiando tranquilamente todos os perigos.
Não obstante, para prevenir as consequências de qualquer atentado fatal contra sua vida, colocou que iria propor a direção do Movimento 26 de Julho que designasse ao companheiro Raúl Castro como segundo chefe do Movimento. Não porque fosse seu irmão – alegou Fidel –, mas porque o considerava com qualidades suficientes para substituí-lo no caso de ele amanhã morrer na luta. Também expos as virtudes do então Comandante Raúl Castro e manifestou que ele não somente pensava no presente, mas também no futuro da Pátria.
Para não decidir unilateralmente a proposta de que Raúl pudesse substituí-lo, o líder revolucionário consultou ao povo se este estava de acordo ou não. Com aclamações e gritos, o povo lhe respondeu: sim.
Eu me submeto ao exame a ao interrogatório
No dia seguinte – 22 de janeiro de 1959 –, no salão Copa Room do hotel Havana Riviera, reunido com os jornalistas convocados ao ato da Operación Verdad, Fidel destacou que em menos de 72 horas “se reuniu a maior conferência de imprensa do mundo. E foi feito através dos jornalistas cubanos, que também sofreram sete anos de abuso e censura constante, com prejuízo para a imprensa e para eles e que ademais o homem que tem uma profissão não somente vive dela, mas que sente por ela”. Fidel acrescentou: “se chamou aos jornalistas cubanos e lhes foi dito: convidem a seus companheiros de todo o continente, e isso foi o que fizeram. Assim foi convocada esta reunião de hoje, para que vocês vejam como são as coisas quando são feitas correta e honestamente, têm êxito e em menos de 72 horas vieram os jornalistas. Muitos governos nos emprestaram aviões, o que lhes agradecemos muito, mas os aviões não eram para bombardear, foram empregados para trazer os jornalistas. Considero que esta introdução é suficiente, agora vamos discutir os problemas. Eu me submeto ao exame e ao interrogatório da opinião pública da América por meio de vocês”.[2]
Durante a extensa conferencia, um jornalista mexicano perguntou a Fidel como se defenderia Cuba no caso da campanha iniciada contra o país desembocasse em um bloqueio econômico. Fidel respondeu: “nós não cremos que esse bloqueio vá ocorrer, porque seria uma política em contradição total aos interesses do próprio Estados Unidos que seria os que teriam que iniciar esse bloqueio... Ademais, quanto a forma de fazer frente a qualquer medida de tipo econômico, qualquer bloqueio deste tipo, acredito que não há mais do que uma forma e é a disposição de sacrifício que tem nosso povo. Se essa circunstância se apresentar, verão vocês como a enfrentaremos, porque o povo está decidido a enfrentá-la e isso é o mais importante”.[3]
Suas respostas às perguntas dos jornalistas foram transparentes e concretas. Entre elas, o Comandante em Chefe expressou seu profundo sentir pelos interesses da Pátria e de nossa América, a Pátria Grande.
NOTAS
[1] Fidel Castro Ruz. Discurso pronunciado en el Palacio Presidencial el 21 de enero de 1959, Centro de Documentación del CC PCC, No. 041, p. 4.
[2] Fidel Castro Ruz: Conferencia de Prensa, 22 de enero de 1959. Centro de Documentación CC PCC, No. 042, pp. 4-5.
[3] Ibidem, pp. 10-11.
do Granma
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