19 maio 2016

Martí e Ho Chi Minh para todos os tempos



Segundo registra uma nota do grande cubano Gonzalo de Quesada e Aróstegui, em 1889 um amigo generoso de José Martí em Nova Iorque, o senhor Da Costa Gómez, tornou possível que fosse publicada a revista La Edad de Oro, dedicada fundamentalmente às crianças, mas cujo conteúdo excedia tal orientação.

Se necessário um exemplo da universalidade desta obra, bastaria considerar um o relato Um passeio pela terra dos anamitas, o “povo do Reino de Anam”, para nós, hoje, Vietnã.

Um ano depois, em 1890, nasceria ali Nguyen Tat Thang, conhecido em sua juventude como Nguyen Ai Quong e para todos os tempos como Ho Chi Minh. Se alguém encarnou o caráter daqueles sobre quem escreveu José Martí foi Ho Chi Minh, fundador da pátria vietnamita e herói revolucionário de seu povo.

Mas há ainda outra coincidência: Ho Chi Minh nasceu em um 19 de maio, cinco anos antes de ter caído em combate em Dos Ríos, na mesma data, nosso Heroi Nacional, José Martí que fez o melhor retrato do povo que representou Tio Ho.

“(...) Também e como os mais bravos, lutaram, e voltaram a lutar, os pobres anamitas, os que vivem de pescado e arroz e vestem seda, nos confins da Ásia, pela costa do mar, debaixo da China”.

São muitos os exemplos de fidalguia que colocou Martí na história dos anamitas que ao longo de mais de um século se confirmaram em várias gerações. Mas é a própria vida de Ho Chi Minh o que mais relaciona os vietnamitas com o ideário de Martí.

Ho Chi Minh, como ele, criou um jornal para unir seu povo de várias etnias, em favor da liberdade contra o colonialismo francês. E como José Martí criou um Partido, primeiro para unir os vizinhos da Indochina francesa, como se disse em nosso espaço geográfico para unir a Nossa América. Depois fundaria o Partido Comunista do Vietnã, cuja meta seria a luta definitiva pela independência de seu país.

“A revolução vietnamita fez tremer de medo os imperialistas franceses”, disse Ho em data muito próxima da grande vitória de Dien Bien Phu. E em meio ao fragor do combate escreveu para seus compatriotas e quadros revolucionários o dever que tinham todos perante as crianças:

“Quando se educa as crianças, há que inculcar-lhes o amor à pátria, o amor aos seus compatriotas, o amor ao trabalho, o sentido de disciplina, a preocupação pela higiene, a sede de instrução. Ao mesmo tempo há que fazê-lo conservar intacta a alegria, a vivacidade, a naturalidade, a espontaneidade, o frescor de sua idade. Cuidado para não formar anciãos prematuros!”

São inumeráveis os ensinamentos de Ho Chi Minh, assim como os de José Martí, não somente para seu tempo, mas para os tempos futuros, e em uns e outros a vigência da independência e a soberania constitui a raiz do pensamento de ambos.

Essa é uma das muitas razoes de por que se tenha considerado a coincidência da data da caída em combate de um e o nascimento de outro.

Com mais sorte, Ho Chi Minh pode ver sua pátria livre do colonialismo francês e preparar seu povo para a exemplar vitória contra a guerra de agressão de muitas administrações do imperialismo ianque, até que os vietnamitas conquistaram a vitória e a reunificação de seu país. Ele estava seguro de que a alcançaria e escreveu:

“A guerra pode durar cinco, dez, vinte anos ou mais. Hanoi, Haiphong e algumas outras cidades e empresas poderão ser destruídas, mas o povo vietnamita não se deixará intimidar. Não há nada mais precioso que a independência e a liberdade! Quando chegue o dia da vitória, nosso povo poderá voltar a construir melhor o país e o fará maior e mais belo”.

Sua premonição se cumpriu e a imagem que ofereceu Martí de seu povo, não poderia ter sido mais verdadeira.


por Marta Rojas Rodríguez
Do Granma

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