01 novembro 2018

Cuba sim, Bloqueio não!


Mais de trinta nações e representantes de grupos e organizações multilaterais levantaram suas vozes na Assembleia Geral das Nações Unidas para ratificar seu apoio à resolução apresentada por Cuba contra o bloqueio pela vigésima sétima vez.

Ao mesmo tempo, rejeitaram fortemente as emendas apresentadas pelo governo dos Estados Unidos, para obstruir, manipular e variar neste ano, o evidente apoio da comunidade internacional à resolução cubana.

CUBA É NOSSA IRMÃ

Isto foi confirmado pela representante das Bahamas, que participou na quarta-feira, 31, do debate na ONU, em nome dos 14 países membros da Comunidade dos Estados do Caribe (Caricom), para reiterar sua oposição ao bloqueio comercial, econômico e financeiro imposto a Cuba pelos Estados Unidos há quase seis décadas.

Ela reiterou que essa política injusta tem causado muito sofrimento ao povo cubano, viola o direito internacional, o multilateralismo, os princípios de soberania e não-interferência e, portanto, tem uma rejeição global.

Também lembrou que Cuba mantém uma cooperação muito ativa com a região, especialmente do ponto de vista comercial, sanitário e de infraestrutura. «É um parceiro econômico importante. Cuba é irmã e por isso sentimos isso. Nesse contexto, o bloqueio é um obstáculo ao nosso desenvolvimento».
Por sua parte, o representante do Marrocos, em nome do Grupo Africano, disse que era necessário pôr fim imediato ao bloqueio contra Cuba e permitir que a Ilha caribenha continuasse contribuindo para o desenvolvimento mundial. Lamentou, além disso, o declínio nas relações bilaterais com os Estados Unidos e a posição da administração de Donald Trump em relação ao país caribenho.

Na mesma linha, o porta-voz egípcio, representando o G-77 mais a China, lamentou que o bloqueio permaneça plenamente em vigor e que o objetivo dos EUA seja intensificá-lo e reiterou o compromisso daqueles que compõem o Grupo no espírito da Carta das Nações Unidas, uma vez que cada Estado membro deve ter a responsabilidade de cumprir esses princípios.

Também lembrou a ajuda de Cuba durante a crise do ebola na África e que, sem o bloqueio, o país caribenho certamente teria a oportunidade que merece, por um longo tempo, de colaborar mais amplamente com a comunidade mundial.

A República Bolivariana da Venezuela, nesta ocasião como a voz do Movimento dos Países Não Alinhados (Mnoal), levantou a voz para rejeitar as medidas coercivas unilaterais que o bloqueio de Cuba impõe e seus efeitos extraterritoriais e ilegais.

O representante venezuelano ressaltou que esta política constitui uma violação do direito de Cuba de interagir plenamente na arena internacional, é uma ferramenta de pressão política, econômica e financeira contra os Estados, especialmente os países em desenvolvimento, cujos danos foram enormes e afetaram todos os setores vitais da economia do país.

Pediu para rejeitar as propostas de emendas feitas pelo Departamento de Estado da América do Norte que têm o objetivo de desviar a atenção da questão central, uma vez que o prolongamento do bloqueio é injustificável, não corresponde ao desenvolvimento histórico e contraria a Agenda 2030.
Durante seu discurso, o orador pediu ao governo norte-americano para se unir à vasta maioria da comunidade internacional, elimine o bloqueio e realize verdadeiras ações concertadas em busca da paz e da cooperação entre nossos povos.

Da mesma forma, El Salvador, em nome da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), lamentou que o bloqueio ainda seja uma realidade e que haja um retrocesso nas relações bilaterais entre Cuba e os Estados Unidos. porque seus efeitos são inegáveis.
O diplomata reiterou sua rejeição de qualquer medida contrária ao direito internacional e exigiu o retorno do território ocupado ilegalmente por Washigton em Guantánamo.

Os membros da Conferência Islâmica também confirmaram que o bloqueio afeta não só Cuba, mas também países terceiros e corrói a liberalização comercial que a comunidade internacional tanto tentou alcançar.

O representante desta organização lembrou que os países do mundo concordaram em cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sob o princípio de que ninguém deve ser deixado para trás, mas com uma política como esta, corre o risco de deixar para trás quase 12 milhões de pessoas e disse que os EUA têm a responsabilidade de fechar esta página que não permite que o povo cubano participe em plena capacidade no cumprimento desses objetivos.

É TEMPO PARA A ONU FAZER RESPEITAR AS RESOLUÇÕES

Em uma intervenção empolgante e firme, o representante permanente da Bolívia junto à ONU disse que o bloqueio contra Cuba é uma das questões mais importantes para as quais a agenda dessa organização presta atenção, pois representa uma ameaça à sua razão de ser e seus desafios.
Assegurou que este é um exemplo confiável de como os EUA ignoraram com impunidade por mais de meio século o interesse de resolver questões coletivas, porque é algo injusto que afeta o desenvolvimento de operações financeiras e bancárias, comércio exterior, indústrias e direitos humanos, como saúde, educação e alimentação do povo da ilha.

O diplomata boliviano instou a ONU a pôr fim a esta situação e a aplicar as resoluções que seus membros determinaram e aprovaram consecutivamente durante vários anos, obtendo como resposta o silêncio ou a intensificação de medidas que afetam o legítimo desejo de desenvolvimento de Cuba e de seus direitos humanos.

Acrescentou que a tentativa de distorcer a resolução apresentada por Cuba, acusando-a de não cumprir as ODS, é ilegítima, uma vez que a ilha é um exemplo de dignidade e força inabalável e tem uma população saudável, livre, instruída e educada.

Advertiu, ainda, que há um ataque deliberado e planejado contra o multilateralismo e que os países das Nações Unidas devem lutar para defender o sistema multilateral e os direitos internacionais, porque a vitória dessa luta proporcionará a possibilidade de um futuro melhor para as futuras gerações.

A Nicarágua juntou-se às declarações do Mnoal e dos grupos e organizações internacionais que falaram de antemão, reconhecendo a vocação solidária e a disposição do povo cubano, sempre a serviço da humanidade.

O representante do país centro-americano descreveu o bloqueio como uma política anacrônica, contrária à Agenda 2030, enviando uma mensagem de esperança e solidariedade ao reafirmar que Cuba não está sozinha, porque "hoje e sempre estamos unidos como irmãos e irmãs".

Pediu a não-interferência, a não-imposição de medidas unilaterais e a imposição de instrumentos políticos como armas de pressão para subjugar os países mais pequenos, já que a maneira nunca deveria ser a imposição, a ameaça e a agressão, mas o respeito irrestrito aos direitos dos povos, ao multilateralismo, à coexistência e ao diálogo em igualdade de condições. "A Nicarágua votará a favor do projeto de resolução contra o bloqueio. Cuba sim, bloqueio!", confirmou.

O México foi outro dos países que defenderam fortemente o desenvolvimento social e a solução pacífica de controvérsias no âmbito do respeito mútuo e rejeitou as ações unilaterais contra Cuba, inclusive o bloqueio, por contradizer o direito internacional e manter as relações, a amizade e a cooperação entre Estados.

O representante mexicano expressou sua esperança pela retomada do necessário diálogo entre os Estados Unidos e Cuba e assegurou que a eliminação do bloqueio permitiria um padrão de vida mais alto para o povo, maior fluxo de comércio em benefício da região e progresso na implementação da Agenda 2030, já que Cuba apresenta altos índices de desenvolvimento humano, em termos de acesso universal aos serviços básicos, erradicação da pobreza e fim da fome.

Do Caribe, o representante de São Vicente e Granadinas destacou o apoio à resolução cubana, sem emendas, e defendeu que nenhum país tente impor condições a outro. E ressaltou que, apesar do bloqueio, Cuba alcançou grandes benefícios em termos de desenvolvimento, e continua sendo um parceiro firme de vários países, incluindo o seu, onde muitos estudantes da região estudam e, portanto, espera-se que o seja ouvido o desejo de tantas nações e o bloqueio seja eliminado.
No final de seu discurso refletiu: "A Agenda de Desenvolvimento para 2030 é para um mundo que todos nós queremos, sem deixar ninguém para trás. Que lugar o bloqueio ocupa em nosso mundo? Queremos um mundo onde todos estejam interconectados. Como podem os arquitetos da globalização querer deixar um país isolado? Não podemos aceitar essas restrições a Cuba".

O representante da Jamaica expressou sua profunda decepção pelo fato de a ONU se encontrar mais uma vez para discutir essa questão, demonstrou a oposição de seu país ao bloqueio dos EUA, considerada uma ofensa à comunidade internacional e o principal obstáculo para a economia cubana, pelo direito à paz e ao desenvolvimento de um Estado soberano.

Outra pequena nação caribenha, o Suriname, denunciou que os EUA causaram grande sofrimento ao povo cubano ao reafirmar que o bloqueio econômico contra Cuba é uma medida unilateral e coercitiva que não respeita os princípios da igualdade soberana e das relações multilaterais entre os países, conforme estabelece a Carta das Nações Unidas. Belize também reiterou sua solidariedade a Cuba, com quem afirmou ter relações construtivas e benéficas, sobretudo no campo da saúde, onde os médicos cubanos trabalham e contribuem para salvar vidas.

O BLOQUEIO DEVE SER ELIMINADO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL

A reivindicação dos países da região asiática não esperou por esta sessão de debate da resolução cubana contra o bloqueio dos Estados Unidos contra a ilha.

O representante do Vietnã ressaltou que as novas sanções aumentaram os obstáculos e desafios para Cuba e causaram grande dano ao povo cubano, especialmente a mulheres e crianças, pois os esforços estão bloqueados em todo o processo da Agenda de Desenvolvimento de 2030.

Ele considerou que apenas o diálogo e o esforço construtivo podem levar a um bom entendimento e que seu país votará novamente em favor do projeto contra o bloqueio e pede à comunidade internacional que faça o mesmo para que a Ilha possa negociar e interagir com o mundo inteiro com respeito ao direito internacional.

A voz do representante da China ratificou que seu país voltará a votar a favor da resolução apresentada por Cuba e defendeu o respeito do interesse legítimo dos povos e Estados à liberdade de comércio. «Infelizmente, por muitos anos o bloqueio econômico, comercial e financeiro foi colocado em prática, continua a existir e viola os princípios da Carta Magna das Nações Unidas», disse.
O diplomata do gigante asiático pediu respeito entre os países, ao sistema que cada um decida construir e ao caminho para o desenvolvimento que escolham e repudiou qualquer tipo de sanções unilaterais. E considerou muito importante manter intercâmbios econômicos e comerciais com o país das Antilhas, benéfico para o desenvolvimento de ambos os povos.

O representante da República Democrática Popular do Laos assinalou que, em um mundo interdependente, medidas unilaterais com implicações extraterritoriais aplicadas por um país contra outro, não apenas violam os princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, mas também afetam a vida do seu povo impedindo e dificultando o desenvolvimento econômico e social do país onde estas medidas são aplicadas. "Portanto, meu país não promulgou nem apresentou leis ou medidas desse tipo", acrescentou.

O Laos ratificou seu apoio ao projeto de resolução cubano e todas as resoluções relevantes da Assembleia Geral que exigem o fim do embargo imposto a Cuba e lamentam o sofrimento causado ao povo cubano por essa política ilegal e injusta, agora obsoleta.

Da República Democrática da Coreia, o bloqueio também foi firmemente condenado como um crime internacional contra os direitos humanos e uma violação da Carta das Nações Unidas, e expressa solidariedade ao povo e ao governo cubano.

Além disso, o porta-voz da Índia na ONU disse que o bloqueio tem um impacto negativo sobre o interesse de Cuba em alcançar a Agenda 2030; Portanto, deve cessar o quanto antes e recordou as contribuições de Cuba na área internacional em áreas como a saúde e o enfrentamento de desastres naturais.

A solidariedade com o povo cubano também veio na voz do representante da Federação Russa, que considerou que o bloqueio já causou muitas restrições na economia, no comércio, na tecnologia, no mercado de investimentos e nos direitos básicos do povo cubano.

O representante russo confirmou que há muitas empresas europeias que querem investir, mas temem as sanções que isso impõe e em relação à Agenda 2030 exigiram justiça e votaram a favor do projeto de resolução apresentado por Cuba, já que com o bloqueio é quase impossível alcançar os Objetivos do Desenvolvimento do milênio.

A Bielorrússia, por sua vez, pediu a suspensão irreversível e completa do bloqueio econômico e financeiro do governo dos Estados Unidos contra Cuba. E destacou como a aplicação de medidas unilaterais é realizada com o objetivo de exercer pressão sobre os povos, mas até contra a possível melhora das relações diplomáticas entre os dois países. "As relações devem basear-se no respeito mútuo; esperamos que haja um processo de diálogo pacífico e bilateral", afirmou.

O TEMPO DO FIM DO BLOQUEIO PARA CUBA CHEGOU

Da região sul-africana, o representante da Namíbia reiterou que o bloqueio é uma violação do direito à saúde, educação, alimentação, esporte, cultura e direitos do povo cubano, o desenvolvimento de sua economia e sua integração internacional.

Em nome da Argélia, os desejos da comunidade internacional de pôr fim ao bloqueio foram ratificados e destacou os laços econômicos e políticos de colaboração entre este país e Cuba, que os argelinos consideram "mais que um amigo".

O diplomata argelino junto à ONU disse que chegou a hora de avançar e continuar com as conquistas alcançadas nos últimos anos na normalização das relações entre Cuba e os Estados Unidos através de um diálogo pacífico e bilateral.

O Representante Permanente do Zimbábue disse que este é um momento em que devemos unir esforços para a erradicação da pobreza e alcançar a Agenda 2030 e, portanto, é lamentável que tantos recursos sejam investidos no isolamento econômico de um país pequeno e de seu povo. Também destacou que o bloqueio é uma violação do princípio da igualdade soberana dos Estados, a maior ameaça ao desenvolvimento socioeconômico de Cuba, que permanece preso há 60 anos e que seu desenvolvimento foi adiado por uma política obsoleta.

Angola considerou a manutenção de um bloqueio unilateral, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba como uma medida injusta e retrógrada que causa grandes prejuízos à economia e à população cubana, impossibilitando o pleno desenvolvimento da Ilha e impedindo normalizar as relações entre os Estados Unidos e Cuba. Exortou à retomada dos diálogos e reiterou seu compromisso de respeitar e preservar os princípios das Nações Unidas, que constituem a própria essência do multilateralismo e do respeito aos direitos humanos. Da Tanzânia, destacou-se que Cuba faz de tudo para melhorar as condições de vida de seu povo e estima-se que, embora em 2015 muitos líderes desta Assembleia tenham tomado a decisão histórica de apoiar as relações entre Cuba e os EUA, infelizmente foi feito pouco sobre isso. "Pedimos que o bloqueio contra Cuba seja levantado para o desenvolvimento de uma América melhor", concluiu o diplomata daquele país.

Os representantes permanentes do Quênia e do Gabão pediram o respeito por Cuba, lembraram que seus países sempre votaram a favor da resolução cubana condenando o bloqueio e argumentaram que chegou a hora de pôr fim a essa política.

Do Oriente Médio, os representantes da Síria e do Irã também confirmaram o voto favorável à resolução cubana contra o bloqueio e agradeceram à Ilha caribenha pelo apoio incondicional às causas da libertação de seus países e à formação de jovens profissionais nas áreas como saúde e educação.

O representante sírio na ONU destacou que seu país tem uma dívida com Cuba e não esquecerá a ajuda da Ilha na guerra contra o terrorismo e na luta contra a ocupação do território sírio. Por sua parte, o representante da República Islâmica do Irã agradeceu ao secretário-geral por seu relatório, o que mostra que os Estados e as organizações internacionais têm uma firme posição sobre a necessidade de acabar com o bloqueio econômico e comercial dos EUA contra Cuba.




Do Granma

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