22 setembro 2018

Fidel, de acusado a acusador



No 21 de setembro de 1953, o jovem advogado Fidel Castro Ruz se tornou de um réu a um acusador poderoso perante o Tribunal que ele e seus companheiros foram julgados pelos ataques aos quartéis Moncada em Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Céspedes, de Bayamo. Na verdade, ele transformou o reverso em vitória.

– Você não pode julgar um homem assim algemado – começou por relatar na porta do Salão Plenário do Palácio da Justiça em Santiago de Cuba. Fidel foi escoltado por um grupo de soldados e dois oficiais do exército. A sala estava cheia de soldados com baionetas presas. O tribunal, desconcertado, suspendeu brevemente a sessão iniciada.

O jovem advogado conhecia o procedimento e o tribunal teve que aceitar seu protesto. Então exigiu que eles também os levassem de seus companheiros. E isso foi feito. Naquele momento, o julgamento de Moncada começou a se tornar uma vitória após a derrota do ataque. Imediatamente depois, o acusado Fidel Castro exigiria assumir sua própria defesa, já que um jurista tinha esse direito: seu pedido tinha que ser aceito. No entanto, teve que responder primeiro ao questionamento do promotor e dos magistrados. Obviamente ele aceitou, mas cada uma de suas respostas foi uma forte acusação de crimes cometidos com dezenas de seus colegas, o primeiro Abel Santamaria, em 26 de julho e em dias sucessivos após o assalto ao Moncada, em que apenas morreram seis camaradas, enquanto o número oficial foi multiplicado por dez.

O pedido para assumir sua própria defesa entendeu sua investidura com a toga de advogado, e um lugar no pódio destinado a outros advogados, que representavam muitos réus que não tinham nada a ver com os fatos, como eram políticos da oposição envolvida no fato. Entre as exceções estava o Dr. Baudilio Castellanos, que como advogado defenderia os outros combatentes. Foi a partir disso que investiu com a toga, respondendo ao Dr. Ramiro Arango Alsina, um político acusado de ter arquitetado o Moncada, Fidel respondeu sereno, mas vibrante “Ninguém deve se preocupar em ser acusado de planejar, porque o único autor intelectual do Moncada é José Martí”.

Quanto aos crimes, como ele sabia por seus colegas sobreviventes os nomes de muitos dos militares que os cometeu, exigiu que fossem coletados os testemunhos para o julgamento como criminosos. Na terceira visão oral, Fidel foi removido. O tribunal afirmou que ele permaneceria na prisão de Boniato, porque de acordo com um atestado médico, o acusado estava doente. Fidel seria lá, através de uma carta ao Tribunal, dada a este pela advogada Dra. Melba Hernández, também acusada, que ele não estava doente e convocou os juízes para verificá-lo, mas nunca o fizeram.

E em 16 de outubro do mesmo ano, o tribunal o julgou em uma pequena sala de estudo do Hospital Civil, onde ele mesmo disse em seu discurso conhecido como A História me absolverá, que teve os como público seis jornalistas que não puderam publicar nada em seus órgãos de imprensa.

Do Granma

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